Histórico
Esta raça se formou de maneira natural, pela segregação, há mais de dois séculos na região dos Pantanais de Mato Grosso, que compreende os municípios de Poconé, Cáceres, Leverger , Barão de Melgaço, Cuiabá, etc. Segundo a procedência ele recebe diversos nomes: "Ponconeano" de Ponconé, "Mimoseano" dos campos de capim mimoso de Barão de Melgaço, "Bahia" de campina chamada Bahia, do município de Poconé.
Conforme os estudos do prof. O Domingues, a quem devemos quase todas as informações, esta população originou-se de cavalos de Goiás levados para o norte de Mato Grosso, cujo tipo era o Bético-Luzitano, uma mistura de cavalos Árabe e Barbo.
Há entretanto quem admita à participação dos cavalos dos indígenas, procedentes do Paraguai, do mesmo tipo que deu origem ao Crioulo.
Descrição
Peso não determinado. Aproximadamente 350Kg. Estatura em média 1,42m segundo Domingues, encontrando-se animais de 138 a 153cm. Pelagem - Predomina a tordilha (45%), seguindo-se a báia, pedrês, e castanha. Contudo encontram-se outras pelagens em pequena escala. O pampa e o pombo são indesejáveis.
Cabeça bem feita, proporcionada, de perfil direito ou subconvexo, às vezes um pouco grande, com orelhas curtas, olhos vivos, fronte longa e ampla, focinho antes curto, com ventas espaçadas e boca bem rasgada. Pescoço forte, sem ser grosso, bem implantado, com pouca crina. Corpo alongado, com boas espáduas, cernelha aparente, dorso direito (às vezes enselado ou convexo) garupa inclinada e inserção baixa da cauda . O corpo deve ser largo e profundo, a garupa comprida e larga, a cauda curta, com crinas também curtas e órgãos genitais bem conformados.
Membros altos, limpos, de boa ossatura, geralmente aprumados, paletas inclinadas, braço e pernas longos, quartela média ou curta, cascos médios ou pequenos, lisos e pretos e curvilhão não muito aberto.
Aptidões
Trata-se de uma raça natural regional de cavalo campeiro, bem adaptada às condições particulares de importante região criatória do Mato Grosso. Assemelha-se um pouco ao Crioulo do sul, nos seus característicos raciais, diferindo sobretudo pelos seus membros relativamente altos e menor compacidade do pescoço, do tronco e da garupa . Seus andamentos não foram descritos, mas os poucos animais que conhecemos eram trotões. Seu temperamento é vivo, porém dócil e sua constituição robusta.
História
Sua origem está ligada à história da colonização de uma grande região da América Latina. Os índios Guaicurus habitantes da região do pantanal, conquistaram em batalhas com os espanhóis alguns cavalos de origem Bérbere que posteriormente foram cruzados com cavalos Célitos Lusitanos e Andaluzes dando origem a estes maravilhosos animais.
Caracterísitcas
Porte médio e extraordinária sobriedade e resistência ao trabalho extremo e contínuo. Possue uma extraordinária dureza dos cascos e capacidade de pasteio de forragens submersas, durante o período de cheia.
Aptidão
Reúne as principais características de um cavalo de sela. O andamento é o trote, macio e confortável, com tração predominantemente dianteira.
No Brasil
A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Pantaneiro conta hoje com aproximadamente 80 criadores associados, distribuídos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
No Estado de Mato Grosso, região do Pantanal, formou-se um tipo eqüino com características próprias adquiridas durante quatro séculos, quando da sua formação e aclimatação ao meio complexo e hostil em que se desenvolvem. Chamado de Pantaneiro, muito embora ele seja conhecido também como Mimoseano, Baiano e Poconeano, segundo a região onde vivem.
A origem desse cavalo está fixada ao longo de nossa história, ressaltando três fases distintas.
A primeira, quando, na terceira e quarta década do século XVI, formou-se o Pantaneiro, originário do Cavalo Crioulo Argentino, proveniente da cavalhada de Pedro de Mendoza, espalhadas nos pampas naqueles anos, após a destruição da Vila de Buenos Aires pelos silvícolas e do cavalo paulista oriundo de animais portugueses trazidos por Martin Afonso de Souza, e levados pelos bandeirantes, através de Goiás, para o Pantanal em 1736.
A segunda fase, quando a partir de 1736, proveniente de Goiás, a imensa planície matogrossense anualmente inundada pelo transbordamento do Rio Paraguai e do seu afluente, o Pantanal foi povoado por grandes manadas de cavalos.
Em conseqüência das distâncias e dificuldades de comunicação entre essa zona e o litoral, o Pantaneiro ficou isolado durante longos anos e livre dos cruzamentos desordenados que tanto tem prejudicado nossos eqüinos.
Na terceira fase, iniciada em 1900, verificou-se a influência do Anglo - Árabe, do Normando, do Puro-Sangue Inglês e do Árabe, visando emprestar aos rebanhos nativos de até então, melhores aspectos de conformação e beleza.
O cavalo Pantaneiro é um mosaico racial, originariamente resultante de dois troncos primitivos étnicos: "Equus Caballus Asiáticus" e o "Equus Caballus Africanus".
O cavalo Pantaneiro é um patrimônio histórico porque cooperou na fixação do homem no Pantanal e em todo território matogrossense.
E um fator de segurança nacional porque pode ainda vir a desempenhar, nas regiões de difícil acesso, o importante papel de salvaguarda dos limites territoriais.
E um fator de econômico-social, porque a totalidade da população que habita o Pantanal, tem no Pantaneiro importante meio de transporte, sobretudo nas cheias, e sua mais importante função econômica se faz sentir junto à bovinocultura.
Por muito tempo esquecido e desvalorizado pela maioria, inclusive como um representante histórico e cultural do território matogrossense – e já quase extinto no passado, pela incidência da anemia infecciosa equina e pela mistura genética com outras raças, o cavalo da raça pantaneiro ressurge agora chamando a atenção no Brasil e até na América do Norte.
Considerado no passado só um animal excelente para o trabalho, para a lida em ambientes inóspitos, como a região pantaneira, o cavalo pantaneiro acabou sendo descoberto também como excelente animal para competições.
E isso acabou ficando comprovado, surpreendentemente, no ano passado: em 2006, pela primeira vez, o cavalo pantaneiro Jaceguay da Vazante do Castelo foi inscrito na conceituada Prova Nacional de Rédea, realizada anualmente em São Paulo, e da qual participam raças especializadas na lida com animais bovinos, como a raça crioula, do Rio Grande do Sul, e quarto-de-milha.
E o cavalo pantaneiro criado na Fazenda São Bento da Marajoara, de Fernando César Bacchi de Araújo, de Mato Grosso do Sul, sagrou-se grande campeão nacional da prova aberta light.
Além da participação surpreendente e vitoriosa da raça, nessa que é uma das maiores provas de rédea do Brasil, os criadores do pantaneiro começaram a participar de outros eventos, como o enduro realizado anualmente pela Fazenda Engenho, em MS. Em 2005, ao ser inscrita para participar desse enduro, a égua Milionária da Rancharia, de propriedade de Luciano Barros, foi a vencedora, num percurso de aproximadamente 40 quilômetros.
As qualidades da raça ficaram mais conhecidas, realçadas, e hoje o cavalo pantaneiro passou a ser respeitado por todos os grandes criadores de equinos no Brasil. E com esse destaque, suas características acabaram chamando a atenção, inclusive de grandes criadores de cavalos dos Estados Unidos. Tanto que, durante a Expogrande 2007, um grupo de criadores de equinos norte-americanos passará cinco dias em Campo Grande, visitando a feira e conhecendo de perto a raça originária do Pantanal.
O diferencial do cavalo Pantaneiro para animais de outras raças é, principalmente, o fato de ter exigência alimentar menor, por ser um animal de médio porte, com musculatura não exuberante como a de outras raças, o árabe, por exemplo.
Conforme explica o criador Luciano Barros, da Fazenda Rancharia, do Condomínio Abílio Leite de Barros, outro fator importante que chama atenção para a raça é o fato de o cavalo pantaneiro ter um "cow sence" (gosto e facilidade para trabalhar com bovinos) muito grande.